Na Ilha de Páscoa, no Chile, estudiosos acompanharam um pássaro que, de tempos em tempos, modificava o formato do bico. Algo até estranho. Porém, minuciosas observações permitiram concluir que tal pássaro possuía o bico mais longo, quando havia abundancia de alimentos. Em época de escassez, o bico se tornava mais rígido e forte para poder encontrar algo para saciar a fome. Aparentemente pode-se achar uma movimentação muito simples, obra da natureza. Existe, porém, uma complexidade de detalhes que evoca admiração.
Há um mistério que envolve a criação. E mistério supõe mística. Somente quem mescla os dias peregrinando entre a racionalidade e a espiritualidade é capaz de contemplar realidades que permitem conclusões que influenciam posturas e desencadeiam sabedoria. Um olhar contemplativo é premiado por detalhes que engrandecem o viver. Ninguém, por mais sofisticado que seja o laboratório e o experimento, será capaz de acrescentar um filete de perfeição na obra da criação. Tudo é tão maravilhoso.
O pássaro transforma o bico para dar conta da realidade que o rodeia. Sua flexibilidade é criativa a ponto de moldar-se conforme os tempos se sucedem. Em épocas de rápidas transformações, o humano deveria buscar inspiração naquelas aves da Ilha de Páscoa. Ao invés de lamentações, atitudes capazes de apontar saídas criativas. Certamente os acertos superariam os desacertos. Os resultados seriam outros e a satisfação estaria estampada em semblantes realizados.
Observo pessoas que são incapazes de exercitar a flexibilidade. Moldaram uma postura e não aceitam ceder um milímetro. Se algo foi sempre feito assim, assim continuará sendo feito. É um misto de teimosia que afasta oportunidades e neutraliza a criatividade. Quanta energia desperdiçada! Incontáveis dissabores farão parte de histórias que poderiam acrescentar novos horizontes, mas enveredaram por caminhos nada encantadores. Interagir com o meio é ser capaz de ler as tendências e aprimorar atitudes. Quem é flexível eternizará jovialidade, tendo respostas adequadas em todos os tempos.
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