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quarta-feira, 16 de maio de 2012

A liderança necessária


PARA REFLETIR:
Durante muitos anos se ensinou nas escolas de administração que ser um bom gestor era suficiente para o sucesso de uma organização. A ênfase no planejamento estratégico, em técnicas administrativas, em métodos organizacionais, na atenção aos aspectos financeiros, em como buscar talentos para tornar as organizações mais eficientes e eficazes, tornou-se disciplina obrigatória nas universidades durante muitos anos.

Jamais se contestou tais ensinamentos e muitos administradores tinham como referência uma mesma cartilha metodológica. Kotter e Drucker são pensadores que chamam a atenção do mundo acadêmico e gerencial para a importância da liderança. Para eles não basta ser um bom administrador. É necessário, mas não é suficiente.

Excelentes administradores acabaram levando suas organizações para profundas crises, pois não conseguiam fazer com que elas se tornassem referência em seu segmento de atuação, e, o que era mais grave, não influenciavam seus colaboradores para que a energia coletiva fosse canalizada para objetivos estratégicos.

Costumo comparar o estágio atual das organizações do terceiro setor com a fase incipiente da industrialização brasileira, em que as indústrias nascentes eram familiares e de fundo de quintal. Isto ocorreu a partir da década de 50 e graças ao fortalecimento daquelas micro-empresas, através da profissionalização de suas administrações, nosso país se tornou uma potência industrial. Vimos com essa história recente o surgimento de grandes administradores empresariais em que uma boa parte unia competência administrativa com uma forte liderança nacional.

Atualmente, a grande maioria das organizações do terceiro setor ainda é nascente. Estamos vivendo a primeira infância de um setor que, neste século, será tão importante para o nosso país como foi o setor industrial na segunda metade do século passado. Se as organizações sociais enfrentam grandes desafios atualmente, elas enfrentarão desafios maiores no curto prazo. À necessidade de gestores competentes une-se uma demanda cada vez maior por fortes lideranças, que possam garantir a sustentabilidade institucional do setor. Líderes se fazem necessários, pois todos sabemos que no setor empresarial a sua atuação influenciou a política pública, criando leis, incentivos fiscais, isenções de impostos, enfim, uma política industrial que auxiliou inegavelmente o fortalecimento das empresas em nosso país.

A prática de intervenção social através das organizações da sociedade civil abre a oportunidade para sairmos do estado de apatia política que estamos sentindo nas eleições deste ano e partirmos para uma ação transformadora do homem e da sociedade. Além da ação política de médio ou longo prazo exercida através do voto, pode-se atuar através das organizações da sociedade civil para iniciarmos um processo imediato de transformação social. Através da intervenção dessas organizações, o sonho de se começar uma mudança em nossa sociedade vem se tornando uma realidade para milhares de brasileiros. Em anos recentes, o terceiro setor vem se firmando como um importante pólo de atuação pública em que novas lideranças despontam. O conceito de área pública, que até recentemente se restringia ao Estado, ganhou uma nova dimensão. A atuação de liderança pública exercida através das organizações da sociedade civil surge como uma possibilidade de intervenção do cidadão comum que não está no parlamento, no judiciário ou em órgãos executivos governamentais.

Uma liderança comprometida e atuante no terceiro setor torna-se uma prioridade para que se possa praticar efetivamente o controle social do Estado tendo como objetivo uma política desenvolvimentista que coloque as organizações da sociedade civil como atores estratégicos.

Fonte
MEREGE, Luis Carlos. A liderança necessária. Integração. [S.l.]. Disponível em: <http://integracao.fgvsp.br/ano7/11/editorial.htm>. Acesso em: 30 abr. 2008.

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